Comecemos com uma análise rápida do conceito de serviço no século 21. A prestação de serviços, como conceito, é uma combinação única de filosofia e ação. Seu significado conciso continuará a denotar neste século uma postura ética, responsável e humilde em relação à vida no planeta. Continuará o serviço a ser a antítese dos comportamentos impessoais de baixo nível e narcisistas de uma parte da sociedade, que se deteriorou no tempo.

O século 21 desenvolverá cada vez mais comunidades multirraciais e multiculturais como decorrência da globalização. A partir disso se seguirão interesses que poderão se opor uns aos outros e, como consequência, haverá a necessidade de uma entidade que intermedie essas disputas, e cuja ênfase seja a solidariedade, a paz e a possibilidade de compreensão em nível mundial.

Antonio Hallage
(Diretor do RI 2009-11)

O Rotary terá, pois, a missão de encontrar, para as novas necessidades de prestação de serviço, soluções possíveis onde falharam os governos. Nesse cenário, o Rotary também terá a missão de alavancar a promoção de suas tarefas.

O século 21 será seguramente uma era baseada em tecnologia. Será igualmente nossa missão servir de ponte a conduzir o desenvolvimento tecnológico aos jovens e aos menos favorecidos.

Os rotarianos de todo o mundo, para que amanhã sejam avaliados favoravelmente, terão que se concentrar em três grandes missões de serviço:
• A missão de criar condições para que todos tenham acesso ao conforto e ao progresso;
• A missão de promover a paz e de auxiliar na resolução de conflitos (mesmo aqueles que não podemos imaginar hoje);
• A missão de promover a supremacia do espírito em relação à matéria, do amor sobre a guerra ou sobre o ódio, e o realce da lealdade que gera o respeito e conduz à paz.


Talento e trabalho


É evidente que teremos que continuar nos preocupando, em nossos projetos de prestação de serviços, com o combate à fome, à ignorância, às doenças, à falta d’água, e enfatizando a necessidade de soluções de saneamento básico. Preocupar-se não nos custa nada.

Mas temos que ser daqueles que se preocupam o suficiente para agir. O Rotary terá que continuar a promover a amizade, o respeito à família que propaga valores e a solidariedade que garante a justiça e a convivência. O Rotary somente sobreviverá se seus ideais e valores forem transmitidos às futuras gerações por nós.

O Rotary tem que continuar a construir sua reputação como uma instituição provedora de serviços segundo esses novos conceitos, por meio de obras finalizadas, e não somente por meio de jornadas gastronômicas e entrega de troféus e medalhas de reconhecimento. Temos que continuar reconhecendo sim, mas reconhecendo o talento posto a trabalho.


Os novos paradigmas


Nosso grande patrimônio será formado por nossa capacidade de gerar rotarianos competentes para executar novas formas de prestação de serviços. E o esforço de capacitação de novas lideranças será imprescindível para o alcance dos objetivos. Os governos irão, de forma crescente, demandar esta atitude, ao se retirarem gradualmente de certas áreas de prestação de serviços.

Como resultado, o trabalho voluntário também será uma necessidade crescente na área educacional básica – de alfabetização – e dentro das entidades socio-culturais. A urbanização se ampliará, o que nos levará a restabelecer, como instituição, a ideia geral, esposada por Paul Harris, de que o Rotary foi idealizado para atuar em pequenas comunidades, ajudando a reconstruí-las de forma autorregulada.

O voluntarismo se desenvolverá entre pessoas com novos paradigmas de trabalho, que terão mais tempo disponível, e sentirão a necessidade de se ocupar. Por outro lado, em outras parcelas da comunidade, nas quais a sobrevivência é mais importante, o voluntarismo diminuirá. Caberá ao Rotary e aos rotarianos promover o balanceamento de tais forças.

Teremos, no cenário descrito, uma nova abordagem do servir rotário, que requererá novos clubes e novos rotarianos. A estes companheiros caberá resolver, entre outros assuntos (todos igualmente importantes):

• A necessidade de uma nova linguagem para se expressar e ser entendido;
• O investimento planejado de forma integrada, e em múltiplos níveis, na juventude;
• A evolução do governo nos três níveis da organização e na forma de atuação;
• A execução de um planejamento multianual e multinível;
• O distanciamento crescente dos clubes e de seus membros em relação à comunidade a que servem, reaproximando-os;
• O processo de admissão equivocado que temos hoje, reformulando-o;
• O problema atávico do analfabetismo rotário;
• A urgente necessidade de formação de novos líderes rotários;
• O envolvimento da familia no servir.

Isso tudo vai requerer uma revolução, entendida aqui como uma renovação da evolução. O futuro do Rotary está plantado na soma cuidadosa dos seguintes itens: os recursos e tempo disponibilizados pelos voluntários; a utilização das posições de influência que muitos de nós ocupam; e a rede de influência que estas posições de liderança geram para atrair novos sócios que se envolvam em atividades de direção claras e planejadas. O voluntarismo tem grande aceitação entre os mais jovens, enquanto os mais vividos se dedicam com prazer à capacidade de influenciar. Juntos são uma combinação tão forte que já restaurou nações inteiras.


Obrigação moral


Os Serviços Profissionais são outro grande desafio do Rotary para o futuro. Trata-se de uma característica que distingue nossa instituição, que a torna única entre as muitas prestadoras de serviço comunitário organizadas.

O mundo necessita hoje, e no futuro mais ainda, da concepção rotária de prestação de serviço por meio das profissões. Torna-se imprescindível a obrigação moral de participar de seu grupo profissional e defender através dele os valores e os elevados padrões de ética incorporados nos programas do Rotary. Aqueles que falharem no seu dever de bem representar sua área profissional ou ramo de negócio estarão obstruindo uma das artérias por onde flui o sangue vital do Rotary.

E a juventude? Quais são os enfoques a que estão expostos nossos associados no Servir? Principalmente, estão expostos a uma mudança acelerada em sua relação com a informação e o conhecimento. A mídia em geral, as empresas modernas de equipamentos de telecomunicações, as empresas de publicidade, os estabelecimentos comerciais e industriais já se aperceberam dessa revolução e estão envolvidos nessa aventura da busca da participação cada vez maior dos jovens na compra de produtos e serviços oferecidos. O Rotary pode lhes oferecer uma forma mais moderna e mais atraente de atender seus anseios e ao mesmo tempo perpetuar os valores pelos quais entendemos que valha a pena lutar. Mais que mostrar aos jovens o caminho, é muito mais importante e recompensador caminhar com eles.


Evolução em processo


A palavra de ordem, portanto, é planejamento. Planejamento multianual, multinível e integrado. Temos ou estamos criando condições tanto organizacionais como emocionais para isso?

 Uma evolução administrativa está em processo desde alguns anos graças à aplicação dos Planos de Liderança Distrital e ao Plano de Liderança de Clubes. Como resultado teremos uma evolução e uma transformação organizacional, objetivando uma similitude de organogramas nos três níveis, o que facilitará a implementação global do planejamento. Estaremos, assim, aproveitando as vantagens da unicidade de regras, da administração subsidiária, da independência financeira e patrimonial (não temos propriedades). Somos ao mesmo tempo sócios e donos da organização, vantagens estas que, entre outras, nós temos em relação às grandes empresas multinacionais.
   Para construir o panorama que se nos apresenta, temos que concentrar nossas ações agora. O futuro é agora. É também a sua vez de provar que tem a visão para planejá-lo já. Pois O Futuro do Rotary Está em Suas Mãos.

 
 
 
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